No Brasil, as serpentes são também chamadas de cobras. Algumas espécies de serpentes peçonhentas são de interesse em saúde pública. Elas pertencem à duas famílias: Viperidae e Elapidae. Os acidentes causados por estas serpentes são divididos em quatro grupos, de acordo com o gênero da serpente causadora.
Acidentes ofídicos, ou simplesmente ofidismo, é o quadro clínico decorrente da mordedura de serpentes. No Brasil é comum chamar as serpentes de “cobras”. Este nome é mais corretamente empregado para se referir às serpentes da Família Elapidae, no Brasil representada pelas cobras corais verdadeiras. Algumas espécies de serpentes produzem uma peçonha em suas glândulas veneníferas capazes de perturbar os processos fisiológicos e bioquímicos normais de uma possível vítima, causando alterações do tipo colinérgicas, hemorrágicas, anticoagulantes, necróticas, miotóxicas, citolíticas e inflamatórias.
Acidente botrópico
É causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia). É o grupo mais importante, com cerca de 30 espécies em todo o território brasileiro, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas. Causam a grande maioria dos acidentes ofídicos no Brasil;
Acidente crotálico
É causado pelas cascavéis (Família Viperidae, espécie Crotalus durissus). As cascavéis são identificadas pela presença de guizo, chocalho ou maracá na cauda e têm ampla distribuição em cerrados, regiões áridas e semiáridas, campos e áreas abertas;
Acidente laquético
Também é causado por serpentes da família Viperidae, no caso a espécie Lachesis muta (surucucu-pico-de-jaca). A surucucu é a maior serpente peçonhenta do Brasil. Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica;
Acidente elapídico
É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). São amplamente distribuídos no país, com várias espécies que apresentam padrão característico com anéis coloridos.
Os sintomas de acidentes ofídicos variam de acordo com a espécie envolvida:
Acidente botrópico (Bothrops e Bothrocophias) - Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia, cruzeira
A região da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina. Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada, além de insuficiência renal.
Acidente crotálico (Crotalus) - Cascavel, boicininga, marabóia, maracabóia, maracá
O local da picada muitas vezes não apresenta dor ou lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento. Pode ocorrer dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento (fácies miastênica), visão turva ou dupla, mal-estar, náuseas e cefaleia, acompanhadas por dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais graves.
Acidente laquético (Lachesis) - Surucucu-pico-de-jaca
Quadro semelhante ao acidente por jararaca, a picada pela surucucu-pico-de-jaca pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarreia, bradicardia e hipotensão.
Acidente elapídico (Micrurus e Leptomicrurus) - Coral-verdadeira
O acidente por coral-verdadeira não provoca, no local da picada, alteração importante. As manifestações do envenenamento caracterizam-se por dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca por socorro médico.
O diagnóstico de acidentes ofídicos deve ser realizado pelo/pela profissional de saúde através da história contada pelo/pela paciente e/ou familiares e através do exame físico. Não existem exames para identificar qual o tipo de animal envolvido no acidente. No entanto alguns exames gerais podem ser realizados para avaliarmos a evolução do paciente e a gravidade do caso. Esses exames são hemograma, coagulograma, função hepática, função renal.
O tratamento é realizado através da administração de soros anti-ofídicos específicos para cada gênero de animal envolvido no acidente. Devido a essa especificidade do tratamento, orienta-se que sempre que possível leve o animal ou uma fotografia do mesmo para que sejam avaliadas pelo profissional de saúde responsável pelo atendimento.
O que fazer em caso de acidentes ofídicos:
Confira neste canal a lista de hospitais especializados por região do Brasil
Acidentes ofídicos são gravíssimos e necessitam de atenção imediata.
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